Esta fotografia foi tirada em 2010 quando estava a estudar cinema, filmávamos uma curta metragem que o Bernardo estava a realizar.
Não tivesse eu a memória do tamanho de uma ervilha e ele não teria de me lembrar que fui eu que a captei num momento em que estava a dirigir os actores.
Disse-me também que a tem na parede de casa emoldurada, e que já caiu, já partiu o vidro e teve de substituir a moldura, mas que não desiste de a pendurar.
E é para ela que olha sempre que duvida do seu caminho, é para esta memória que olha para se lembrar do caminho que já fez e do que aprendeu, e não desiste de caminhar e de começar de novo.
Não sei bem descrever o que senti com estas palavras.
Num momento em que também eu questionava o meu caminho, veio esta memória lembrar-me do caminho que já fiz, de quem sou, e porque faço o que faço com tanto amor e paixão.
Não tivesse eu a memória do tamanho de uma ervilha e talvez não tivesse tanta dedicação em tornar memórias eternas, não tivesse eu tanto amor no peito e não conseguiria captar nos momentos mais importantes para quem os vive, os detalhes que os tornam especiais que retratam aquilo que se sente, e é isso que faço bem.
Veio esta partilha dele recordar-me que tenho um dom muito bonito e valioso e que com tanto que aprendi e cresci preciso também de uma nova moldura que embarque melhor todos os meus sonhos e tudo aquilo em que me transformei e sou.
Mais do que tirar fotografias, mais do que a técnica e mais do que ganhar dinheiro com a minha arte, o mais importante para mim é que o meu trabalho me reflita e o que me move é o que devolvo às pessoas que fotografo quando elas revivem e se revêem no que capto. As fotografias têm a magia de guardar os momentos, cheiros, gargalhadas e sentimentos, há coisa mais bonita?
Neste novo balanço o que vos trago é uma homenagem ao amor.
Por tudo isto, podem contar com momentos cada vez mais bonitos, crus, espontâneos e amorosos, porque isso é tudo aquilo que eu sou.